sexta-feira, fevereiro 22, 2013


A gord(a)-inha

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problemas-balança



E é todo mundo pedindo pra você ser perfeita. O seu pai, sua mãe, seu irmão, seus amigos, seu namorado, seu piriquito, papagaio. Todo mundo. Mas até onde é que podemos ser perfeitos? Afinal, existe perfeição num ser humano?
Sou cobrada todos os dias pra ser magra como aquela modelo da passarela. Ter a pele perfeita como daquela atriz famosa. Ou vestir as melhores roupas das melhores marcas, usar os saltos mais altos por mais que os meus pés já estejam cansados de tanto sofrimento naquele aperto.
O fracasso sentido quando a meta não é atingida, as notas não são altas e quando seus amigos te chamam "carinhosamente" de gordinha, ou de gorda mesmo, afinal, um -inha no final da palavra não diminui em nada o peso da palavra na consciência.
É o menino que você é apaixonada te deixando de lado pra ficar com a loira, de olhos azuis, magérrima e de cabelo liso pois você não é boa o suficiente pra ele. Você nunca é boa o suficiente pra ninguém, pois nunca agradamos à todos, e mesmo sabendo disso as tentativas são inúmeras e incansavelmente frustradas em ser perfeita.
Sua amiga mais próxima te dizendo: "entre na acadêmia". Sua mãe falando que as roupas não entram mais. Seu pai perguntando o por quê de tantas estrias. Seu irmão te chamando de gorda. Seus amigos zoando com a gordura do seu corpo. É o espelho te dizendo que as roupas não caem mais tão bem e a cada dia parece que nem as dietas mais loucas resolvem. Pois, afinal, nada mais resolve. É uma pressão pra ser "gostosa", a "gata da academia", a garota das curvas de violão. Irônico, chegam a vos comparar até com um violão, ou com comida. Irônico? Triste?
São anos guardando as chacotas desde o primário por causa do seu peso. São noites passadas no frio julgando-se a mais feia, a mais gorda. São dias pensando que talvez a melhor solução fosse depois das refeições botar tudo pra fora. Stop, é o que sua consciência diz. PARE. Deixe de se importar, mas você simplesmente não consegue, parece que TUDO, absolutamente T-U-D-O ao seu redor tem a ver com seu peso. Você não consegue mais ir à praia, não consegue mais ir ao cinema, ao shopping. Não se sente mais confiante nem legal o bastante pra conversar com alguém. E por mais que sempre pareça aos outros que você não se importe é mais uma lágrima que naquele momento em que os apelidos atribuídos ao seu peso são guardadas para mais tarde.
Dizem: "Não se importe com a sociedade", você mesma diz, mas nunca é isso que conseguimos fazer, é sempre ao contrário, sempre nos importamos com a hipócrita da sociedade que a cada dia cobra mais e mais da sua estética. A cada dia que passa são mais pessoas dizendo para emagrecer, até a televisão parece falar com você e a qualquer canal que você passe o assunto é o mesmo: "Formas de emagrecimento". São as meninas bonitas das capas de revista que te irritam, os cabelos alisados que te estressam, as roupas de alguns meses atrás que agora nem sobem mais às suas coxas. Droga. Frustração é a palavra. Ou talvez não. Talvez a palavra que descreva isso tudo mais corretamente nem exista ainda, e provavelmente nunca existirá, é muita loucura só para caber apenas em algumas sílabas, que no final de tudo tornarão-se insignificantes  assim como a sua frustração, pois a única coisa que importa por aqui é a sua beleza.